E tudo tem seu começo,
ainda que não saibamos ao certo qual seja. Comento isto porque até hoje não se
sabe de onde surgiu o “Juazeiro” que dá origem ao nosso nome. Suponho que tenha
sido coisa do meu bisavô. Afinal, a primeira associação ao qual ele se filiou,
convidado por amigos, e da qual tornou-se o primeiro presidente também tinha
nome de árvore. Em homenagem a uma figueira, o Figueirense Futebol Clube¹. Isto em 1921. Ele parecia
gostar muito de associações e de trabalho em grupo, tanto que em 1945 fundou a
Federação Espírita Catarinense e foi seu 1º vice-secretário. Já em 1948, junto
a um grupo de amigos, que tanto quanto ele gostavam das manifestações culturais
da ilha, fundou a Sociedade Carnavalesca Granadeiros da Ilha. Entre estes
amigos haviam grandes nomes da nossa “cultura”, como Acary Margarida, Davi
Gevaerd, Franklin Cascaes e João Cheiroso². Nos galpões da
Granadeiros conviviam os filhos e depois os netos de João dos Passos Xavier.
Tanto que, até hoje, seus familiares remontam os carros que outrora levaram centenas
de pessoas para acompanhar o desfile ao redor da Praça XV de Novembro.
Granadeiros da Ilha – Carro da Rainha/ 1962
Um de seus netos, o
folclorista e artista plástico Júlio Xavier, cresceu apreciando a movimentação
de marceneiros, aderecistas, artistas plásticos, músicos, costureiras e uma
infinidade de profissionais que participavam animadamente da preparação dos
carros. Claro que o ponto alto eram os carros de mutação, aqueles que durante o
desfile iam se abrindo, soltando fumaça, subindo, se alargando, enfim, se
transformando. Ouvi a história de que um dos mais bonitos carros foi o que
esticou uma passarela até a janela do Palácio Cruz e Souza, ainda ocupado pelo
governador, e de dentro saiu um menino que entregou uma linda rosa vermelha à
primeira dama. Creio que o amor e a dedicação com que tantos profissionais
cuidavam do carnaval e dos carros tenha deixado marcas profundas em meu tio,
Júlio Xavier. Ele sempre buscou preservar, assim como o avô, João dos Passos
Xavier, algumas manifestações artísticas, tais como: Terno de Reis, Pau de
Fitas, Boi-de-Mamão³.
E então na década de 80 resolveu, junto com outros artistas, montar a Sociedade
Folclórica Boi-de-Mamão Juazeiro. Ele diz que, quando criança já presenciava
apresentações de um Boi-de-Mamão que tinha inclusive girafa, e já batizado como
Juazeiro. Ele também não sabe explicar o porquê de o Boi-de-Mamão que ele fazia
ter toques africanos. Herança de alguém que, com toda certeza, apreciava as
artes e as árvores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário