sábado, 25 de agosto de 2012

E tudo tem seu começo



E tudo tem seu começo, ainda que não saibamos ao certo qual seja. Comento isto porque até hoje não se sabe de onde surgiu o “Juazeiro” que dá origem ao nosso nome. Suponho que tenha sido coisa do meu bisavô. Afinal, a primeira associação ao qual ele se filiou, convidado por amigos, e da qual tornou-se o primeiro presidente também tinha nome de árvore. Em homenagem a uma figueira, o Figueirense Futebol Clube¹. Isto em 1921. Ele parecia gostar muito de associações e de trabalho em grupo, tanto que em 1945 fundou a Federação Espírita Catarinense e foi seu 1º vice-secretário. Já em 1948, junto a um grupo de amigos, que tanto quanto ele gostavam das manifestações culturais da ilha, fundou a Sociedade Carnavalesca Granadeiros da Ilha. Entre estes amigos haviam grandes nomes da nossa “cultura”, como Acary Margarida, Davi Gevaerd, Franklin Cascaes e João Cheiroso². Nos galpões da Granadeiros conviviam os filhos e depois os netos de João dos Passos Xavier. Tanto que, até hoje, seus familiares remontam os carros que outrora levaram centenas de pessoas para acompanhar o desfile ao redor da Praça XV de Novembro.

Granadeiros da Ilha – Carro da Rainha/ 1962

Um de seus netos, o folclorista e artista plástico Júlio Xavier, cresceu apreciando a movimentação de marceneiros, aderecistas, artistas plásticos, músicos, costureiras e uma infinidade de profissionais que participavam animadamente da preparação dos carros. Claro que o ponto alto eram os carros de mutação, aqueles que durante o desfile iam se abrindo, soltando fumaça, subindo, se alargando, enfim, se transformando. Ouvi a história de que um dos mais bonitos carros foi o que esticou uma passarela até a janela do Palácio Cruz e Souza, ainda ocupado pelo governador, e de dentro saiu um menino que entregou uma linda rosa vermelha à primeira dama. Creio que o amor e a dedicação com que tantos profissionais cuidavam do carnaval e dos carros tenha deixado marcas profundas em meu tio, Júlio Xavier. Ele sempre buscou preservar, assim como o avô, João dos Passos Xavier, algumas manifestações artísticas, tais como: Terno de Reis, Pau de Fitas, Boi-de-Mamão³. E então na década de 80 resolveu, junto com outros artistas, montar a Sociedade Folclórica Boi-de-Mamão Juazeiro. Ele diz que, quando criança já presenciava apresentações de um Boi-de-Mamão que tinha inclusive girafa, e já batizado como Juazeiro. Ele também não sabe explicar o porquê de o Boi-de-Mamão que ele fazia ter toques africanos. Herança de alguém que, com toda certeza, apreciava as artes e as árvores.





[1] Para saber mais vá ao site do Figueirense: http://www.figueirense.com.br/o-clube/historia.
[2] Interessante conferir a reportagem: http://www.clicrbs.com.br/pdf/10237262.pdf.

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